quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Libertem-me...




O post de hoje é dedicado aos ativistas do Greenpeace presos na Rússia por realizarem um protesto pacífico contra empresas que querem explorar petróleo no Ártico. Especialmente, à brasileira Ana Paula, que ganhou ainda mais o meu respeito depois que li suas palavras na carta que ela escreveu dentro da cadeia. Abaixo, segue o link onde você pode ler a carta na íntegra (vale a pena ler). 

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Precisamos-fazer-algo-todos-os-dias/

Depois que li a carta da Ana Paula me senti com uma vontade muito grande de escrever esse post, pois suas palavras vão ao encontro das muitas experiências que tenho vivenciado nessa viagem como vocês podem ver nos textos anteriores. Muito mais do que culpar as empresas que querem explorar petróleo no Ártico, Ana Paula trouxe uma reflexão que devemos fazer individualmente. Sabe quando a gente vai dormir, colocamos a cabeça no travesseiro e um monte de pensamentos começam a passar por ela?

Então, te convido nesse momento a pôr a cabeça no travesseiro e refletir...

Acredito que muito mais do que "brigar" com empresas que só pensam em seus lucros, desmatam, exploram, destroem e esgotam nossos recursos naturais, acho que seria interessante refletirmos: quem consome os produtos que essas empresas vendem? 

Pensando no petróleo, para onde ele vai? Gasolina, peças de carro, brinquedos, garrafas de pet....; plástico, plástico e plástico, onde isso tudo vai parar? De onde isso tudo veio? É iminente revermos os nossos padrões de consumo, e isso, não sou eu quem digo, há vários anos atrás já se discutia em âmbito internacional o problema do consumo não consciente. 

De forma irônica, a Rússia em 1977 foi sede da primeira conferência sobre desenvolvimento sustentável. Vinte anos depois na Grécia (1997), aconteceu a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade, que foi promovida pela Unesco e onde se enfatizou muito a questão do "consumo responsável" (GADOTTI, 2008). A UNESCO dedicou a década de 2002 a 2012 como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. São várias as linhas de luta pela mãe Terra, mas por que será que essas empresas continuam tendo o aval para a exploração descabida que promovem? 

Aí surge uma questão na minha cachola:

Os ambientalistas, as organizações que discutem a questão de um desenvolvimento mais sustentável podem controlar/proibir o quanto gastamos do nosso salário com produtos que custam muito caro para o planeta? Teoricamente estamos num país livre, teoricamente você tem o direito de ir e vir, de entrar ou não entrar em um shopping; há quem diga que quanto mais você gasta,  quanto mais alto é o seu poder de compra mais bem sucedido tu és. Então, a escolha está nas mãos de quem? 

O modo de vida é imposto pelas máquinas da publicidade das grandes corporações, mas não necessariamente somos determinados por elas. A participação e mobilização dos consumidores pode ser decisiva para o êxito da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (GADOTTI, pág.21, 2008). 

Estamos em 2013, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável passou, o que será que mudou, e o que será feito nas próximas décadas? 

Você sabia que uma empresa que fabrica smartphones está desmatamento florestas nativas do Congo para tirar o recurso natural de que precisa para produzí-los? Por que o número de carros em Belo Horizonte e em outras capitais aumentou exorbitantemente? A culpa é do governo que não oferece transporte público de qualidade para os cidadãos? Por que não estou separando o meu lixo reciclável ainda? Será que a culpa é só do governo? Sempre é do governo? Será que não temos escolha, opções, voz?

Como vocês leram o meu texto está cheio de perguntas. No entanto, não tenho a pretensão de dar respostas e nem de ter respostas, mas se surgirem reflexões já consigo dormir hoje à noite, e quem sabe, acordar com um pouco mais de esperança.

Se uma de suas reflexões é saber o que você pode fazer para ajudar a pressionar o governo russo a libertar os ativistas do Greenpeace informe-se no site www.greenpeace.org.br.






O que posso dizer...  

Libertem-me...

Libertem-se...

Libertem-na...

Libertem-me das amarras desse dispêndio infame

Dessa tela que enquadra o meu pensamento..., pensante? 

Libertem-se desse burburinho ensurdecedor que cala consciência

Desse estrépito insistente que anuncia progresso e indiferença

Libertem-na da infâmia e do frio distante

Desse desígnio que fere, que prende, incessante. 

Libertem os nossos ativistas! 



FOTOS DA MANIFESTAÇÃO EM LONDRES (05/10/2013)






























Até o próximo post! Nele iremos descrever a nossa segunda experiência de trabalho voluntário na Irlanda em fazendas orgânicas. Inté....

FOTOS: Henrique Pederneiras e Fernanda Araújo

GADOTTI, Moacir. Educar para a Sustentabilidade. Ed. Paulo Freire, 2008.